A intolerância de João Calvino fica evidente a começar pela leitura das próprias Institutas, a principal obra de Calvino, dividida em quatro grandes volumes. Ele se refere aos seus oponentes, que não criam em sua doutrina, por vários diferentes nomes pejorativos, como:
“dementes”[Institutas, 1.16.4.],
“porcos”[Institutas, 3.23.12.],
“mentes pervertidas”[Institutas, 3.25.8.],
“cães virulentos que vomitam contra Deus”[Institutas, 3.23.2.],
“inimigos da graça de Deus”[Institutas, 2.5.11.],
“inimigos da predestinação”[Sermão sobre a Eleição, p. 6.],
“estúpidos”[Institutas, 3.11.15.],
“espíritos desvairados”[Institutas, pp. 1324.],
“bestas loucas”[Institutas, 4.16.10.],
“caluniadores desprezíveis”[Secret Providence, p. 209.],
“gentalha”[Institutas, 3.3.2.],
“espíritos ignorantes”[Institutas, 2.7.13.],
“embusteiros”[Institutas, 2.16.12.],
“bestas”[Institutas, 4.7.9.],
“cães, porcos e perversos”[Sermão sobre a Eleição, p. 4.],
“insanos”[ Institutas, 3.2.38.] e
“criaturas bestiais”[Institutas, 3.2.43.].
- Teocracia em Genebra: Hunt descreve o governo de Calvino em Genebra como uma teocracia rígida onde o cristianismo era imposto de forma “irresistível” e autoritária.
- Perseguição a Dissidentes: O autor destaca o uso de métodos como tortura, banimento e execução para lidar com aqueles que Calvino considerava heréticos.
- O Caso Miguel Serveto: Hunt utiliza a execução de Miguel Serveto como um exemplo central da intolerância de Calvino, argumentando que ele defendeu ativamente a pena de morte para quem discordasse de suas doutrinas.
- Raízes Doutrinárias: Hunt associa essa conduta prática à teologia de Calvino, sugerindo que a crença em um Deus que predestina soberanamente alguns à salvação e outros à perdição refletia-se em um sistema terreno de controle e exclusão.
- Frutos do Ministério: Aplicando o princípio bíblico de “conhecer pelos frutos”, Hunt argumenta que as práticas severas em Genebra invalidam Calvino como um guia teológico confiável para o caráter de Deus.
O Horror em Genebra
- Execução de Miguel Serveto: O caso mais notório. Serveto, um médico espanhol que negava a Trindade e o batismo infantil, foi preso em Genebra por ordem de Calvino e queimado na fogueira por heresia em 1553. Calvino argumentou a favor de um método de execução menos brutal (decapitação), mas apoiou a pena capital.
- Perseguição a Oponentes Teológicos: Outros dissidentes enfrentaram punições severas. Jacques Gruet foi decapitado em 1547 por escrever uma carta ameaçadora contra Calvino e por opiniões consideradas heréticas. Jerônimo Bolsec foi preso e banido por questionar a doutrina da predestinação de Calvino.
- Regime Moral Rígido (Teocracia): Calvino estabeleceu o Consistório, um tribunal moral que, em conjunto com o conselho da cidade, policiou a vida privada dos cidadãos. Infrações morais, como adultério, jogos de azar, dança e até mesmo usar roupas de cores “erradas” ou certos penteados, eram punidas. O adultério, em algumas ocasiões, era punido com a morte.
- Altas Taxas de Execuções e Banimentos: Em um período de cerca de cinco anos, treze pessoas foram enforcadas, dez decapitadas e trinta e cinco queimadas na fogueira em Genebra. Entre 1542 e 1564, 76 pessoas foram banidas.
- Caça às Bruxas: Durante um surto de peste, catorze mulheres foram executadas sob a acusação de bruxaria por supostamente tentarem espalhar a doença com pomadas venenosas.
