A Bíblia pressupõe liberdade real
Os textos bíblicos enfatizam algo essencial: a Bíblia nunca explica o livre-arbítrio como um conceito filosófico abstrato, mas o pressupõe em toda a sua estrutura moral.
“Nenhuma pessoa é livre se um ato desempenhado por outra pessoa – humana ou divina – empurra-a para pensar, desejar ou agir de determinada maneira”
Isso corrobora textos como:
- Dt 30.19 – “Escolhe, pois, a vida”
- Js 24.15 – “Escolhei hoje a quem sirvais”
- Mt 23.37 – “Quis eu… e não quisestes”
➡️ Mandamentos, convites e advertências só fazem sentido se a escolha for real, não meramente aparente.
Livre-arbítrio não é Pelagianismo
Os conceitos teológicos combatem a acusação clássica de que livre-arbítrio = salvação por obras.
O arminianismo bíblico afirma depravação, mas não determinismo total:
“Armínio e os arminianos clássicos afirmam repetidamente que o ser humano é totalmente depravado e não pode iniciar nenhuma salvação, e que a graça precisa primeiro ser derramada para então o livre-arbítrio espiritual ser restaurado”
Isso se harmoniza com:
- Jo 6.44 – Deus toma a iniciativa
- Tt 2.11 – a graça aparece a todos
- At 7.51 – essa graça pode ser resistida
➡️ O livre-arbítrio bíblico é dependente da graça, não independente dela.
Graça resistível: amor persuasivo, não coercitivo
“Uma força irresistível usada por Deus em criaturas livres seria violação tanto do amor de Deus quanto da dignidade do ser humano”
Isso ecoa:
- 1Jo 4.16 – “Deus é amor”
- Mt 22.1-14 – convidados que recusam o convite
- Ap 3.20 – Cristo bate à porta, não a arromba
➡️ Amor forçado é contradição de termos, como afirmam os autores.
Responsabilidade moral exige possibilidade real de agir diferente
Determinismo e responsabilidade moral são inconciliáveis.
“Para que determinada pessoa seja responsabilizada por um roubo, é preciso que tal pessoa tenha tido a possibilidade de não roubar”
Isso confirma:
- Ez 18.20 – “A alma que pecar, essa morrerá”
- Rm 2.6 – Deus retribui segundo as obras
- Ap 22.12 – recompensa conforme as ações
➡️ Se o homem não podia agir diferente, o juízo seria injusto, algo impensável no Deus bíblico.
Soberania ≠ determinismo
Identificar soberania com determinismo é um erro teológico grave:
“Soberania não é sinônimo de determinismo”
Eles mostram que:
- Deus pode determinar algumas coisas
- Deus pode permitir atos livres
- Ambos coexistem sem comprometer Sua soberania
Isso harmoniza com:
- Sl 115.3 – Deus faz o que lhe agrada
- Jr 18.7-10 – Deus reage às escolhas humanas
- Os 11.8-9 – Deus se contém por amor
➡️ Deus é soberano porque governa tudo, não porque causa tudo.
O problema do mal confirma o livre-arbítrio
Sem livre-arbítrio, Deus se tornaria o autor do pecado, o que é teologicamente inaceitável.
“À parte da crença no livre-arbítrio, todo mal deve ser colocado na conta de Deus”
Isso confirma:
- Tg 1.13 – Deus não tenta ninguém
- 1Jo 1.5 – Nele não há treva alguma
- Gn 6.5 – o mal procede do coração humano
➡️ O livre-arbítrio preserva a santidade de Deus e a culpa do homem.
Cooperação com Deus: sinergia bíblica
“Nós somos cooperadores de Deus” (1Co 3.9)
E explicam:
- Fp 2.12–13 não é contradição
- Deus opera em nós, não sem nós
➡️ Isso confirma que:
- a salvação é toda da graça
- mas a resposta humana é real e responsável
CONCLUSÃO INTEGRADA
À luz da Escritura:
- O livre-arbítrio é pressuposto do Gênesis ao Apocalipse
- A graça é necessária, preveniente e capacitadora
- A graça pode ser resistida
- A responsabilidade moral exige liberdade real
- Determinismo compromete o caráter de Deus
- Soberania divina não elimina escolhas humanas
- O evangelho é convite, não coerção
A Bíblia ensina um Deus soberano que governa criaturas livres, chama pecadores reais e julga decisões verdadeiras.
