A seguir apresento um comentário histórico-teológico sobre como se deram os diálogos (e conflitos) entre calvinistas e arminianos ao longo da história. O objetivo não é apenas narrativo, mas avaliativo, mostrando o tom, os argumentos e as consequências desses diálogos.
1. O pano de fundo histórico: antes de Calvino
Um ponto importante é que o arminianismo não surge como novidade, mas representa uma continuidade da soteriologia patrística e pré-agostiniana. No meu livro “O Calvinismo Recalcitrante” recordo que concílios antigos, como o Sínodo de Arles (353 d.C.), afirmavam:
- livre-arbítrio enfraquecido, mas real;
- graça preveniente;
- possibilidade real de apostasia;
- desejo salvífico universal de Deus
👉 Isso demonstra que o “diálogo” não começa no século XVII, mas é antecedido por um conflito teológico mais profundo entre determinismo e responsabilidade humana.
2. João Calvino e o início do conflito sistematizado
Calvino não inventou todas as ideias que depois levariam seu nome, mas foi quem lhes deu sistematização rigorosa, fortemente influenciada por Agostinho tardio.
O diálogo inicial entre calvinistas e seus críticos foi:
- assimétrico: Calvino escrevia como reformador com poder político em Genebra;
- pouco dialógico: dissidentes eram frequentemente tratados como hereges ou inimigos da ordem cristã.
Segundo O Outro Lado do Calvinismo, a teologia calvinista inicial não se apresentou como uma escola entre outras, mas como a própria ortodoxia, o que gerou tensão imediata com outros reformadores não deterministas.
👉 Aqui, o “diálogo” foi mais impositivo do que conciliador.
3. Jacó Armínio: diálogo crítico e apelo às Escrituras
Jacó Armínio surge dentro do calvinismo, não fora dele. Ele era:
- pastor reformado;
- professor em Leiden;
- comprometido com as Escrituras e os credos históricos.
Armínio não rompeu abruptamente, mas tentou:
- reinterpretar Romanos 7–9;
- questionar a eleição incondicional;
- preservar a justiça e o caráter moral de Deus.
O tom de Armínio foi acadêmico e pastoral, buscando diálogo. Contudo, como apontado em Calvinismo Recalcitrante, suas posições foram rapidamente rotuladas como:
- semipelagianas;
- heréticas;
- perigosas à soberania divina
👉 Aqui o diálogo começa a se tornar polarizado.
4. O Sínodo de Dort (1618–1619): o diálogo que virou condenação
O Sínodo de Dort marca o ponto de ruptura formal.
Características do “diálogo” em Dort:
- Os arminianos (remonstrantes) não tiveram igualdade de fala;
- Muitos foram expulsos ou exilados;
- O resultado foi a formulação da TULIP, como resposta direta ao arminianismo.
Dort não foi um fórum neutro, mas:
- um concílio político-teológico;
- com forte interesse em uniformidade doutrinária;
- onde o arminianismo foi condenado antes de plenamente ouvido
👉 O diálogo aqui assume a forma de sentença, não de debate.
5. Pós-Dort: endurecimento calvinista e reação arminiana
Após Dort, o diálogo tornou-se ainda mais difícil. O material mostra que:
- calvinistas passaram a tratar o arminianismo como ameaça ao evangelho;
- termos como “pelagianismo” e “heresia” tornaram-se comuns;
- a teologia reformada passou a se autodefinir como “o verdadeiro evangelho”.
O Livro “Outro Lado do Calvinismo” (Vance) destaca que isso levou a:
- exageros deterministas;
- defesa explícita da dupla predestinação;
- afirmações problemáticas sobre Deus ser autor indireto do mal.
Os arminianos, por sua vez, responderam com:
- apelos ao caráter moral de Deus;
- defesa da responsabilidade humana;
- insistência na leitura global das Escrituras.
👉 O diálogo tornou-se reativo e defensivo de ambos os lados, mas especialmente hostil por parte de setores calvinistas mais rígidos.
6. Era moderna: o “diálogo” nas obras contemporâneas
Nos séculos XX e XXI, o debate ressurgiu com força.
Características atuais do diálogo:
- crescimento do neocalvinismo;
- linguagem mais midiática, porém muitas vezes triunfalista;
- acusação frequente de que não calvinistas “não creem no verdadeiro evangelho”.
Autores citados (Vance, Olson, Hunt, Geisler) surgem como resposta apologética, tentando:
- recuperar o equilíbrio bíblico;
- mostrar que há ortodoxia fora do calvinismo;
- denunciar excessos teológicos e pastorais.
👉 O diálogo moderno é mais literário e apologético, porém ainda marcado por polarização.
7. Avaliação teológica do diálogo histórico
Podemos concluir que:
- O diálogo raramente foi equilibrado
- O calvinismo histórico frequentemente falou a partir do poder, não apenas da exegese
- O arminianismo tentou manter diálogo bíblico e patrístico
- Muitas condenações foram mais políticas do que teológicas
- O debate atual herda feridas não tratadas do passado
Insisto que:
discordar do calvinismo não é heresia,
e que existe boa teologia cristã fora desse sistema
CONCLUSÃO
Os diálogos entre calvinistas e arminianos na história foram:
- intensos;
- assimétricos;
- muitas vezes marcados por condenação em vez de escuta.
Ainda assim, eles revelam uma verdade importante:
a Igreja sempre lutou para manter em tensão a soberania de Deus e a responsabilidade humana.
O desafio atual não é repetir a hostilidade do passado, mas promover um diálogo bíblico, honesto e cristocêntrico, sem decretos absolutizantes que silenciem irmãos em Cristo.










DEPRAVAÇÃO TOTAL? .”Se vós, pois, que sois maus, sabeis dar boas coisas a vossos filhos… ” MT 7:11 – Jesus não é adepto da tese calvina. Ele vê “boas coisas” em maus pais. Por que Deus delegou a Adão a dar nomes ao animais? Porque Ele está disposto a OUVIR você, dar-te uma chance.
Já fiz um curso numa editora calvinista. Durante todo o curso pude perceber claramente os efeitos do calvinismo na vida de muitos: orgulho, arrogância e desprezo pelos outros. O arminianismo realmente é a posição bíblica sobre salvação.
“orgulho, arrogância e desprezo pelos outros”. eu mesmo já fui alvo disso, quando neofito, e aspirava pela salvação dos familiares, os calvi vem sem a menor compaixão falando:
“-você está salvo, mas e se seu pai e mãe estiverem predestinadas ao lago de fogo?”
Essa mil vezes maldita tese do calvino, arruina e prejudica a alegria da salvação de qualquer um. além de arrogante, é elitista, vai ser membro de uma igreja calvinista do centro da cidade, tem que provar renda sócio-econômico bom, senão vai lá igreja bairro tal, lá no fim da rua.