Não. O Salmo 139 NÃO aprova determinismo, muito menos determinismo exaustivo. Uma leitura exegética, literária e teológica do salmo mostra que ele exalta onisciência, onipresença e cuidado pessoal de Deus, não a causalidade absoluta de todas as ações humanas.
A seguir, demonstro isso biblicamente, ponto a ponto.
Exegese mostrando que NÃO
1. Gênero literário: poesia devocional, não tratado metafísico
Salmo 139 é:
- poesia hebraica,
- oração pessoal,
- louvor contemplativo.
➡️ Não é um tratado sobre causalidade, decretos eternos ou metafísica do tempo.
Usar poesia devocional para sustentar determinismo é erro hermenêutico de gênero.
2. O tema central do Salmo 139
O salmo trata de:
- Deus conhece o salmista profundamente (vv. 1–6)
- Deus está presente em todo lugar (vv. 7–12)
- Deus formou o salmista no ventre (vv. 13–16)
- Deus sonda o coração e guia no caminho eterno (vv. 23–24)
➡️ O foco é relacional, não causal.
3. “Todos os meus dias foram escritos” (v.16) — análise exegética
Texto
“No teu livro foram escritos todos os meus dias, cada um deles escrito e determinado, quando nenhum deles havia ainda.”
Pontos exegéticos importantes
a) Paralelismo poético
O hebraico usa paralelismo para reforço poético, não definição filosófica.
“escritos” = “conhecidos”
“determinados” = “planejados no cuidado divino”
➡️ Linguagem figurada de conhecimento e cuidado, não de decreto causal.
b) Livro ≠ decreto causal
Na Bíblia:
- “livro” frequentemente simboliza memória divina, não causalidade (Êx 32.32; Ml 3.16).
Se “escrito” = causalmente determinado, então:
- oração seria inútil,
- arrependimento seria encenação,
- advertências seriam falsas.
➡️ Isso contradiz o restante das Escrituras.
c) Conhecimento não é causação
O salmo afirma:
Deus conhece antecipadamente
Não afirma:
Deus causa irresistivelmente
Isso se harmoniza com:
- Sl 147.5 — Deus tem grande entendimento
- Is 46.10 — Deus anuncia o fim desde o princípio
➡️ Presciência ≠ determinismo.
4. O próprio salmo refuta determinismo
a) Oração por mudança (vv. 23–24)
“Sonda-me, ó Deus… guia-me pelo caminho eterno.”
➡️ O salmista pede:
- exame,
- correção,
- direção.
Se tudo estivesse causalmente fixo:
- essa oração seria incoerente.
b) Rejeição do mal (vv. 19–22)
“Ó Deus, se fizeres morrer o ímpio…”
➡️ O salmista distingue:
- seus caminhos,
- dos caminhos dos ímpios.
➡️ Isso pressupõe responsabilidade moral real, não fatalismo.
5. O Salmo 139 não diz que Deus determina o pecado
Em nenhum verso o salmo afirma que:
- Deus causa decisões morais,
- Deus decreta pecados,
- Deus força ações humanas.
Pelo contrário:
- Deus sonda,
- Deus conhece,
- Deus guia.
➡️ Guia não é coagir.
6. Uso indevido do Salmo 139 por deterministas
Leituras deterministas:
- isolam o v.16,
- ignoram o gênero poético,
- importam categorias filosóficas externas,
- contradizem textos claros como:
- Dt 30.19 — “Escolhe”
- Mt 23.37 — “não quisestes”
- At 7.51 — “resistis”
- Hb 10.26 — “se pecarmos voluntariamente”
➡️ Doutrina clara interpreta poesia, não o contrário.
7. Harmonia com o restante da Bíblia
O Salmo 139 é perfeitamente compatível com:
- soberania divina,
- presciência completa,
- liberdade humana real.
Deus:
- conhece todos os caminhos,
- acompanha todos os dias,
- chama o homem à retidão,
- corrige e orienta.
➡️ Isso não é determinismo; é governo amoroso.
CONCLUSÃO FINAL
Biblicamente falando:
❌ O Salmo 139 NÃO ensina determinismo
❌ NÃO ensina decreto causal exaustivo
❌ NÃO elimina a liberdade humana
✔️ Ele ensina:
- onisciência,
- onipresença,
- cuidado providencial,
- relacionamento pessoal,
- responsabilidade moral.
O Deus do Salmo 139 conhece tudo,
mas não transforma o homem em marionete.
Usar esse salmo para defender determinismo:
- viola o gênero literário,
- contradiz o contexto,
- ignora a teologia bíblica como um todo.








Impossivel Deus não amar todos homens e mulheres e não querer salva-los ! Jesus deixou toda nação Israel e foi salvar um homem possesso de legião, o qual quem quer visse diria que estava condenado ! Todos os homens e mulheres podem ser salvos, basta crer em Jesus Jo. 3:16